Basta a referência a uma
obra para que Raymundo Andrade nunca seja esquecido em Cachoeiro de Itapemirim.
Tudo que ele fez ou
deixou de fazer, todos os acertos e erros de sua vida pública perdem relevância
quando nos postamos à face do magnífico Jardim de Infância que esse cidadão,
que então não era um político, construiu na cidade de Rubem Braga. A
instituição, depois de sua morte, passou a ter seu nome.
A inspiração para criar o
Jardim de Infância nasceu de uma viagem que Raymundo Araújo de Andrade e sua
esposa Maria da Victória fizeram à Argentina, quando tiveram a oportunidade de
conhecer um jardim de infância.
Na época em que foi
criado o Jardim de Infância em Cachoeiro, só havia no Estado o Jardim de
Infância Ernestina Pessoa, localizado em Vitória.
A fundação de um jardim
da infância, numa cidade interiorana, onde havia quintais e ruas sem perigo
para que as crianças brincassem, só não era de causar espanto maior porque essa
cidade tinha uma grande tradição cultural – terra de poetas, escritores,
compositores, estadistas.
Mesmo assim, nem todos
acreditaram no projeto. Criticaram Andrade pelo seu sonho que parecia coisa de
megalomaníaco.
Com a crença de uns e a
reprovação de outros, o Jardim de Infância foi adiante.
Os jardins de infância
buscam estimular a curiosidade das crianças. Criam um ambiente pródigo em
oportunidades de agir e interagir. As crianças relacionam-se umas com as outras
e também com adultos. Neste intercâmbio crescem mentalmente e socialmente. Os
jardins de infância desenvolvem o potencial linguistico, afetivo, social, estético,
cognitivo e motor dos pequeninos que, de maneira natural e espontânea, aprendem
a respeitar as diferenças. O jardim de infância assinala um marco positivo na
vida das crianças, motivo pelo qual são felizes todas aquelas que têm a
oportunidade de desfrutar deste tesouro educacional.
Para crescer
de maneira harmoniosa, toda criança precisa de outras crianças e de um espaço
capaz de lhe proporcionar experiências de desenvolvimento físico, mental,
existencial. Esse espaço físico deve ser projetado para proporcionar liberdade
de movimentos, contidos apenas pela aprendizagem do respeito de uns para com
outros.
A entrada de uma criança para o Jardim de Infância
implica na separação dos pais ou daquelas pessoas que constituem seu universo.
A criança não tem uma exata noção de tempo e não sabe quanto vai durar a
separação ou até mesmo se é uma separação definitiva. Pode sentir-se
abandonada, um pouco sozinha. Pode chorar, gritar, bater, atirar coisas no ar. Por
este motivo muitos cuidados devem cercar este momento preliminar para que não
seja de angústia mas, pelo contrário, seja de alegria pela experiência do novo.
João
Baptista Herkenhoff é magistrado aposentado, Livre-Docente da Universidade
Federal do Espírito Santo e escritor.
E-mail:
jbherkenhoff@uol.com.br
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/ 2197242784380520
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